"Pelo Sonho é que vamos,

comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?

Haja ou não haja frutos,

pelo Sonho é que vamos.



Basta a fé no que temos.

Basta a esperança naquilo

que talvez não teremos.

Basta que a alma demos,

com a mesma alegria,

ao que desconhecemos

e ao que é do dia-a-dia



Chegamos ? Não chegamos?



- Partimos. Vamos. Somos "



quarta-feira, 22 de julho de 2009

Fim do mundo ou nova manhã...?

Mas não é o fim do mundo...certo? Ou será? Será que foi preciso isto acabar para começar uma manhã diferente? Porque todas as noites foram aborrecidas até agora... Tu foste apenas o melhor que já tive, isso não é o fim ou é? “Quando não temos o bom, o mau parece-nos o melhor” será essa a nova manhã que esperei tanto tempo? Não devemos esperar que os outros reconheçam o que muitas vezes nem nós próprios reconhecemos. Somos brilhantes à nossa forma desde que aceitemos que todos tempos uma forma diferente de ser brilhantes. E qual será a necessidade da sociedade que consiste em sermos todos iguais, e pensarmos todos de forma igual? Às vezes precisamos simplesmente de nos perdermos, para encontrarmos quem realmente somos. Assim não será fim, será apenas um novo início de uma coisa inacabada. Só porque agora estou a perder não significa que esteja perdida. Significa que preciso de novas manhãs frescas que me façam esquecer todas as outras. Esquecer? Não. Apenas deixar de me perguntar porque acabou, apenas aceitar que acabaram e não vão voltar.
Ele e ela, ela e ele. Juntos como sempre. Ali estavam eles. Corriam o seu campo verde e húmido, como se nunca mais o pudessem fazer. Aquilo é que era saber viver ... eles não pensavam em nada mais; nem no passado e muito menos no futuro. O futuro era algo que eles preferiam não imaginar, porque implicava imaginarem-se separados. Fora assim durante todos os anos. Longos anos que pareciam durar para sempre. Eles apenas pensavam naquele momento, ali juntos, sem mais ninguém. Brincavam, saltavam, corriam e contavam as suas histórias um ao outro. As dele eram sempre sobre criaturas mágicas que possuiam poderes fantásticos que desejava possuir também, mas por mais que tentasse, não conseguia. No inicío , parecia – lhe estranho, mas a verdade era que quando estava com ela, sentia nele todos os poderes das suas personagens; todos os que desejava o tempo todo, mas longe dela, não conseguia ter. Sentia que tinha uma força interior, capaz de lutar contra o mundo inteiro, as pessoas todas. Já as dela, contavam sempre romances, umas vezes suaves e bonitos, outras dramáticos e tristes, mas sempre com um toque de presistência, coragem e optimismo, característo dela própria. A primeira vez que brincaram juntos, ela tinha 6 anos e ele 8. Ambos envergonhados, mas ele escondia maravilhosamente, enquanto que ela cada vez corava mais. Até que, surpreendentemente, ela levantou os olhos da relva que observava enquanto pensava o que dizer ou fazer e disse : achas que podemos ser amigos ... ? O seu coração disparou com medo que ele dissesse que não, mas sem saber como, ela tinha a certeza que ele diria sim e ainda tinha mais certeza que a partir desse momento, seriam amigos para sempre. “ Sim. Aliás, acho que podemos ser amigos para sempre”. E foi assim que tudo começou e parecia nunca ir acabar. Todos os dias sem excepção, encontravam-se na esquina das suas casas e corriam até ao campo, perto da barragem. Passavam lá as manhãs e as tardes. Arranjavam sempre alguma coisa para se entreterem. Os anos passaram, e ambos perceberam que aquilo que os unia, era muito mais do que uma simples amizade. Era um amor que nada poderia deitar a baixo. Um amor que iria sobreviver a tudo. Menos à distância... Distância essa que tinha chegado agora. Então, pela ultima vez, corriam naquele que era o campo deles. Já adolescêntes, eles sabiam que não podiam negar uma separação inevitável, e cada um, na sua cabeça imaginava a sua vida sem o outro; mas não paravam de correr, um ao lado do outro, tal como antes, como se fosse a última vez, mas desta vez era mesmo. Ela parou e apesar de lhe ter jurado que não o ia fazer, começou a chorar sem parar; sentia um vazio horrivel no peito, um desespero insupórtavel por saber que nunca mais iria correr com ele, nem sequer iria vê-lo nunca mais. Era como se metade dela estivesse a ir embora (...) Infelizmente, a metade mais importante. Ele agarrou a sua mão e perguntou com um suave sorriso, de tristeza por causa do presente, mas felicidade por recordar o passado : “ achas que podemos ser amigos para sempre?”. Era impossivel resistir, as lágrimas tornaram-se abundantes naquela que era a cara mais linda e agora mais triste do mundo. Ela não conseguia parar, então abraçou-o uma última vez e entre soluços, com a voz a tremer, disse : “para sempre. O destino há- de nos juntar outra vez. Não te prendas a nada, eu tambem nao o farei, e assim quando fôr a altura certa, ele vai trazer-te de volta para mim ou levará-me até ti”, ao terminar de dizer isto, partiu numa corrida que se estendia em direcção ao pôr-do-sol, até desaparecer naquele que era, e seria para sempre, o campo deles.